Muito se fala sobre o poder de um remédio bastante popular e acessível a todos, que teria a propriedade de combater a depressão e o estresse, melhorar a digestão e até deixar a pele mais bonita. Esse “remédio” é o sorriso. Quanto mais largo e aberto, mais poderoso. E será usado com mais confiança por quem tiver uma boa saúde bucal. Nesse ponto, a odontologia suplementar vem contribuindo bastante para a melhoria da qualidade de vida de muitos brasileiros. Mais precisamente, de 23,7 milhões de pessoas. Esse é o numero atual de beneficiários de planos odontológicos no País. Quem entra para essa rede, descobre o poder da prevenção de doenças, a partir da melhoria da sua saúde bucal. E pelo visto, as vantagens de ter acesso a uma rotina de cuidados odontológicos estão aproximando cada vez mais as pessoas dos dentistas. Tanto que a previsão do segmento é fechar o ano de 2018 com um aumento de 3,1% no volume de negócios.
E não para por aí. Até 2020, a expectativa é chegar à marca de 26,1 milhões brasileiros com planos odontológicos, segundo informou Geraldo Almeida Lima, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog). “A saúde suplementar odontológica vem registrando crescimento sólido porque há uma conscientização cada vez maior em relação aos benefícios dos planos, cuja cobertura é ampla para a parte preventiva”, infoma. O ticket médio do plano odontológico é mais baixo, segundo explica Lima, o que se torna um fator de retenção dos beneficiários.
“Na crise econômica que enfrentamos, houve perda nos planos de saúde, mas a odontologia manteve um ritmo de crescimento”, acrescenta. Atualmente, 400 operadoras exclusivamente odontológicas cuidam da saúde bucal dos 23,7 milhões de beneficiados, número que representa apenas 12% da população, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Por isso, a expectativa de crescimento é grande, por parte do setor. Dados do Conselho Federal de Odontologia indicam que existem cerca de 537 mil profissionais envolvidos no segmento, sendo que mais de 65%, dos cirurgiões-dentistas do País estão os associados como clientes, mas também os familiares que não têm plano”, enumera Lima.
OFERTA INDIVIDUAL
Há, porém, desafios a enfrentar. Regina Juhás, superintendente de Gestão da Qualidade da OdontoPrev, observa que a maior parte dos beneficiários da odontologia suplementar é proveniente de planos coletivos. “O produto odontológico é acessível e seria um bom produto para ser oferecido individualmente. Porém, exige um investimento em suporte de sistema para gestão. No coletivo, por exemplo, a inadimplência não existe, explica ela, que acumula 23 anos de experiência de gestão de áreatécnica do setor.
Regina identifica que existem pelo menos 80 milhões de pessoas no País que são clientes em potencial dos planos odontológicos. E informa que os procedimentos em odontologia tiveram aumento no ano passado, enquanto os médicos foram reduzidos. O mesmo ocorreu com o número de beneficiários, que passou de 20,6 milhões (março de 2008) para 23,7 milhões (março de 2018), segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). A taxa de cobertura também teve um incremento importante e chegou a 21,1% nas capitais. Isso significa que, a cada 100 brasileiros, 21 têm um plano odontológico. Na faixa etária de 20 a 59 anos, a taxa de cobertura passa dos 15%.
Na opinião da especialista, o maior entrave para o segmento deslanchar está na regulação junto à ANS, pois os planos odontológicos seguem as mesmas regras estabelecidas para os planos de saúde, apesar de ter um ticket médio bem menor. “Essa pauta tem muitas solicitações e estamos trabalhando para equacionar isso. Não somos contra a regulação, apenas buscamos um equilíbrio em relação às características dos planos odontológicos que são diferentes dos planos de saúde”, afirma Regina Juhás. Ela acrescenta que algumas operadoras não terão vocação para lidar com planos de pessoa física. Porém, ela percebe que há uma boa oportunidade para quem faz vendas online, facilitando o acesso aos clientes.
SERVIÇOS SATISFATÓRIOS
Professor e consultor de inglês, o britânico Michael Fahey tem plano odontológico há 10 anos. Sua “porta de entrada” foi via plano de saúde individual. Mas, há dois anos, optou por um plano empresarial, que inclui o atendimento odontológico. “Quando me ofereceram as duas opções em um mesmo contrato, achei ótimo. Para os serviços básicos de prevenção, é muito satisfatório, porque os custos de um dentista particular são muito altos”, afirma ele, que nasceu em Londres e vive no Brasil há 36 anos.
Faz parte da sua rotina ir ao dentista a cada seis meses. Ele recorre ao livro do convênio que lista todos os dentistas e suas especialidades para escolher o profissional que vai procurar. “Gosto da facilidade de procurar por um odontologista no rol de profissionais conveniados. Hoje faço a prevenção sempre com uma mesma dentista, que atende no Centro da cidade, ao lado do meu escritório de trabalho. É prático e funcional”, avalia Fahey, que mora no Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro.