Não é de hoje que o ser humano busca técnicas para o clareamento dental. Existem relatos segundo os quais já no Antigo Egito as pessoas utilizavam vinagre e abrasivos (qualquer substância dura capaz de desgastar mediante atrito) para obter dentes mais claros.
Atualmente, em virtude do preço e da facilidade de uso, muitas pessoas estão recorrendo às técnicas caseiras para clarear os dentes. Produtos que prometem dentes brancos em 15 dias são vendidos livremente em farmácias e na internet. Alguns kits já vêm com uma moldeira que, depois de aquecida em água quente, pode ser moldada na boca do paciente. Logo em seguida é acrescentado o gel em cada seção que agirá sobre os dentes a serem clareados.
Além do uso de gel e moldeira, encontram-se no mercado fitas que são colocadas diretamente nos dentes e prometem dentes brancos. De acordo com os fabricantes, as fitas são aplicadas duas vezes ao dia, por 30 minutos, durante duas semanas. Porém, antes de utilizar qualquer um desses produtos, é fundamental ter a orientação de um profissional e verificar se ele tem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Após diversas denúncias de cirurgiões-dentistas, relatando casos de pacientes que apresentaram danos de hipersensibilidade da dentina, reabsorções radiculares cervicais, irritação gástrica, gosto desagradável e queimaduras na gengiva, muitas delas decorrentes do mau uso de clareadores, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) alertou a Anvisa sobre as vendas indiscriminadas dos clareadores dentais. Como toda substância química, o gel clareador é encontrado em várias concentrações que podem ser fortes e agressivas para pessoas que tenham os dentes sensíveis. De acordo com Marcos Manfredine, conselheiro do Crosp, a Anvisa vem sendo alertada desde 2011 sobre os perigos que os consumidores estão correndo ao usar os clareadores de maneira incorreta e pela falta de comprometimento dos estabelecimentos, que ignoram as preocupações necessárias quanto à utilização dos produtos, colocando em risco a saúde bucal do paciente.
“O Crosp espera que a Anvisa possa dar um importante passo na regulamentação e controle do comércio de agentes clareadores dentais, atualmente vendidos indiscriminadamente”, diz. A proposta de regulamentação visa que os agentes clareadores sejam vendidos somente mediante prescrição emitida por um cirurgião dentista, que supervisionará todo o processo de clareamento do paciente, além da retenção da receita, como acontece com os ambulatórios. Segundo o professor da Faculdade de Odontologia de Barretos Ueide Fontana, as moldeiras feitas com a orientação de um profissional são produzidas individualmente de acordo com as características e necessidades de cada paciente, preenchendo todos os espaços, não deixando que o gel clareador entre em contato com o tecido gengival.
“Por outro lado, as compradas em farmácias sempre permitem grandes perdas das substâncias clareadoras na boca. Estes produtos, quando ingeridos, podem causar problemas no aparelho digestivo”, alerta. O dentista Luciano Inada ressalta a importância de um profissional no processo do clareamento. “Só um profissional é capaz de avaliar os riscos eminentes a esses procedimentos que podem afetar o esmalte dentário devido ao tempo de exposição ou à alta concentração do gel clareador”, diz. O especialista explica que existem duas formas de obter dentes brancos, uma delas é por meio de um clareamento a laser e aquelas que utilizam as moldeiras, porém ambas as opções necessitam da orientação de um profissional. “O tratamento a laser deve ser aplicado numa distância adequada e num tempo preestabelecido, já as moldeiras são usadas individualmente, evitando extravasamento do gel para a gengiva e tecidos de sustentação”, orienta o dentista.