Fonte: Valor Econômico – Por Beth Koike
O cancelamento de contratos de planos odontológicos da OdontoPrev, maior operadora dental do país, está concentrado hoje em empresas dos setores aéreo, de shopping centers e comércio que demitiram pessoal em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19).
Segundo Rodrigo Bacellar, presidente da operadora, é possível que daqui para frente os cancelamentos ocorram mais no cliente pessoa física que adquiriu o plano em lojas de departamento.
“O cancelamento dessa modalidade de plano pode trazer maior margem porque é um produto com menor rentabilidade”, disse José Roberto Pacheco, diretor de relações com investidores, em teleconferência nesta quinta-feira sobre os resultados do primeiro trimestre. Nesse tipo de produto, normalmente, o usuário adquire o plano, faz o tratamento e logo em seguida cancela.
Sobre as pequenas e médias empresas, Pacheco disse que há possibilidade de os bancos ajudarem na manutenção do plano dental porque 50% dos usuários dessa carteira fecharam contratos em agências bancárias do Bradesco e Banco do Brasil, que são sócios da OdontoPrev.
Bacellar informou ainda que não registrou inadimplência de grandes empresas. “Houve apenas um pedido de adiamento de pagamento de março para abril, que foi honrado”, disse o presidente da operadora dental. Ainda segundo Bacellar, já há algum movimento de atraso de pagamento entre as pequenas e médias empresas e um pouco maior nos clientes pessoa física.
A OdontoPrev não registrou impactos da covid-19 no resultado do primeiro trimestre, uma vez que o pagamento dos procedimentos odontológicos ocorre após 45 dias, segundo o diretor de RI. A expectativa é que no segundo trimestre a companhia tenha queda na taxa de sinistralidade com a redução de consultas e cirurgias nesse período de isolamento social.
Atualmente, a operadora está realizando 50% dos procedimentos dentais. No início da quarentena, esse percentual chegou a ser de 80%. A OdontoPrev criou atendimento on-line e também está realizando procedimentos de urgência.
Pacheco detalhou que a provisão de R$ 24 milhões registrada pela OdontoPrev no balanço do primeiro trimestre refere-se a uma carteira de plano dental individual de livre escolha que teve custos acima do previsto. Essa carteira, formada por 20 mil usuários, tinha 12 modalidades de planos, sendo que quatro delas trouxeram prejuízo e foram canceladas ou substituídas.
Segundo o diretor, a companhia optou por fazer a provisão nesse trimestre porque recebeu nos dois primeiros meses do ano várias documentações de procedimentos odontológicos de alto custo que estavam fora das projeções da operadora.
“Até julho ainda deve ter algum impacto, pequeno”, complementou Bacellar.