Enquanto a crise econômica fez os planos de saúde perderem 1,4 milhão de beneficiários no intervalo de um ano, em 2016 os planos odontológicos têm conseguido apresentar um desempenho oposto. Entre agosto do ano passado e o mesmo mês deste ano o número de beneficiários desse tipo de seguro cresceu 7,07% no País – a maior expansão desde 2012 – e 15% apenas em Pernambuco, que hoje conta com mais de 900 mil pessoas cobertas pelo serviço.

O crescimento chama a atenção justamente pelo período em ele que ocorreu ser equivalente à retração no poder de compra das famílias do País, que entre o segundo trimestre de 2012 e o mesmo período deste ano encolheu 4%. “Para termos ideia da importância e dimensão desse crescimento, durante esses dois trimestres as operadoras odontológicas absorveram, em média, 90 mil novos beneficiários por mês. Um resultado surpreendente se levado em consideração o cenário de redução de empregos, de renda e de crédito verificado em nosso País nos últimos anos”, afirma o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog), Geraldo Almeida Lima. Segundo ele, o faturamento bruto do setor chegou a R$ 4,4 bilhões em 2016, montante 6,8% superior ao registrado em 2015.

A demanda causou surpresa dentro do próprio segmento, mas talvez a crise seja justamente a justificativa para o crescimento do número de beneficiários. “Nos últimos dois anos e meio, com a crise, as famílias tiveram que cortar vários tipos de serviços, como escolas particulares e planos de saúde, que não oferecem a mesma qualidade quando são oferecidos de forma gratuita pelo governo. O que pode ter acontecido é que, para não ficarem completamente descobertos, as pessoas abriram mão do plano de saúde e optaram pelo plano odontológico, que é mais barato”, analisa o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos.

PLANOS
Após a debandada de beneficiários de planos de saúde no ano passado, os números do setor começam a se estabilizar este ano. O setor de saúde suplementar conseguiu números positivos, ainda que pequenos, por dois meses consecutivos. No País, o número de contratantes cresceu 0,63% entre julho e agosto e, em Pernambuco, no mesmo período, houve crescimento de 2,12%.