Fonte: Portal SEGS

Saiba como funciona o procedimento e quando ele é necessário

O dente é composto por três estruturas principais: esmalte, dentina e polpa, popularmente chamada de nervo. Existem bactérias na cavidade bucal que se aderem ao esmalte dentário (camada mais externa) e, com o tempo, vão destruindo este esmalte, formando a cárie. Se não tratada, a cárie avança, podendo atingir a dentina e a polpa dentária.

O tratamento de canal ou endodontia é um procedimento realizado na parte interna do dente onde se aloja a polpa. “Basicamente existem duas situações onde é indicado o tratamento de canal: quando a polpa dentária entra em um estágio inflamatório irreversível, situação que provoca dor, e quando a polpa acaba necrosando dentro do dente, causando uma infecção por bactérias oportunistas”, explica Helder Massaro, membro da Câmara Técnica de Endodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP). Outra situação em que é indicado o tratamento é quando há quebra do dente ou trauma.

Passo a passo
O tratamento de canal consiste em se fazer uma abertura no dente, para ter acesso aos canais e, assim, realizar a limpeza e desinfecção e posterior obturação, ou seja, o completo vedamento dos canais com material específico, para que não ocorra uma reinfecção.

É importante que o paciente procure a ajuda de um profissional habilitado para tal procedimento, preferencialmente um especialista em endodontia. Pois, além de conhecimento técnico e habilidade diferenciada, o especialista possui recursos tecnológicos que aumentam muito a chance de sucesso do tratamento como: microscópio, limpeza e instrumentação mecanizada, localizadores apicais entre outros aparatos.

A resistência e demora em buscar a ajuda de um profissional pode gerar transtornos. “Se o paciente não procura um cirurgião-dentista nos primeiros sinais de desconforto, como sensibilidade ao ingerir bebidas geladas ou alimentos quentes, a inflamação promoverá um colapso local, ao ponto da anestesia não ser totalmente eficaz e, consequentemente, a sensação dolorosa será intensa até a remoção da polpa. Portanto, a dor acontece pela busca tardia de reparação. Quando a retirada da polpa ocorre no tempo adequado, o tratamento não ocasiona dor”, explica, dr. Miguel Simão Haddad Filho, presidente da Câmara Técnica de Endodontia do CROSP.

A falta de tratamento também pode ocasionar problemas estéticos, de mastigação, de fala e, assim, afetar a qualidade de vida do paciente. Além disso, infecções dentárias podem gerar outras complicações graves ao organismo, como a endocardite bacteriana. “É fundamental o controle semestral por meio de visitas regulares ao cirurgião-dentista, pois, em caso de descuido do paciente com relação à higienização, haverá possivelmente a presença de cárie, que atingirá o material obturador do canal com comprometimento do tratamento. Desta forma, a percepção poderá ser tardia, impondo riscos à manutenção do dente”, alerta dr. Haddad.

O tratamento de canal possui grandes índices de eficácia, chegando a quase 95% dos casos, de acordo com o dr. Miguel. Alguns fatores influenciam essa taxa: vitalidade do dente, extensão da lesão e a presença de bactérias no local.

O procedimento traz vantagens tanto para a saúde bucal quanto para saúde em geral, pois previne o aparecimento de doenças periodontais – gengivite ou periodontite – que carregam bactérias que, no longo prazo, aumentam as chances de uma pessoa ter infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

O tratamento de canal é um procedimento invasivo que pode ser evitado com uma higiene bucal adequada, mas é um recurso que proporciona a manutenção do dente na boca evitando, assim, a extração.