Segundo o Ministério da Saúde, 90% dos idosos têm problemas bucais que podem levar à perda do dente. Este dado mostra que a saúde bucal dos idosos ainda é muito delicada no Brasil e precisa de mais atenção.
Os sinais da terceira idade podem ser vistos por diversos fatores, mas a perda dos dentes não deve ser um destes sinais. Fernando Luiz Brunetti Montenegro, doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, explica que os dentes e ossos não ficam velhos a ponto de se perderam fatalmente. O que acontece é a desinformação sobre cuidados bucais básicos que, não sendo feitos de maneira correta, fazem com que muitos idosos tenham diversos problemas, incluindo a perda dentária.
Paulo Cezar de Rezende, especialista em implantodontia e odontogeriatria, explica que, em princípio, o tratamento dentário de um idoso ou de um adulto é o mesmo, mas o maior cuidado que o dentista deve ter ao tratar o paciente na terceira idade é com a saúde geral dele – saber se é portador de diabetes, hipertensão ou qualquer outra doença que inspire um cuidado específico.
“O tratamento do idoso deve ser diferenciado e as perguntas sobre seu estado de saúde devem ser feitas ao paciente ou cuidador. O dentista precisa ter conhecimento das doenças e das medicações para evitar problemas quando for preciso medicar o paciente, inclusive com anestésicos”, esclarece Nedi Soledade, especialista em odontogeriatria e consultora científica da ABO.
Os problemas bucais mais comuns na terceira idade são a cárie e a doença periodontal. Além disso, uma característica frequente nos idosos é a xerostomia (boca seca), que aumenta a incidência de cárie nos dentes naturais, e os pacientes com próteses podem ter uma pior adaptação devida à falta e/ou diminuição da saliva. Como tratamento, são indicados comprimidos para aumentar a salivação e evitar esses danos.
Na terceira idade os pacientes acabam fazendo uso de mais remédios, o que diminui o fluxo salivar. Para prevenir cáries e a doença periodontal, inicialmente é preciso uma escovação completa e o uso do fio dental com um suporte especial, que facilita a utilização, e, se houver espaço entre os dentes, a escova interdental deve ser utilizada.
Além disso, todos os dias o idoso deve limpar a língua com um limpador adequado, preferencialmente os de plástico, pois permitem uma limpeza mais funda que também auxilia na pneumonia aspirativa no caso de pacientes acamados.
Os pacientes idosos com próteses fixas e/ou móveis devem ter cuidados específicos. Segundo Soledade, as próteses fixas podem acumular bactérias e sangramento gengival. Já as móveis podem provocar cárie na raiz dos dentes em virtude dos grampos que muitas vezes estão partidos, ou dentes fraturados, que irão modificar a adaptação da prótese, ocasionando danos ao paciente.
Rezende ressalta que, no caso de prótese total, ela deve ser trocada de três a cinco anos, pois é muito comum pacientes usarem a mesma peça por um longo período da vida e, neste tempo, os dentes se desgastam ou perdem o corte, o que acaba comprometendo a mastigação e, em consequência, levando o idoso até a consumir menos alimentos fibrosos por serem mais duros.
Soledade recomenda que o idoso vá ao dentista de seis em seis meses para avaliação das próteses, gengiva e cáries. Aqueles que estiverem impossibilitados de ir ao consultório dentário devem ser tratados em casa, por meio de atendimento domiciliar.