Fonte: Jornal do Sudoeste – Por Mariana Salles

O Novembro Vermelho é uma campanha de conscientização e prevenção do câncer de boca, uma doença que pode levar à morte. Seu principal objetivo é chamar a atenção dos profissionais de saúde bucal, como dentistas, auxiliares e técnicos em saúde bucal e, principalmente, da população para essa doença e suas implicações.

Esse tipo de câncer é o quinto mais frequente entre homens e o sétimo em mulheres. O maior risco está entre homens com mais de 40 anos, fumantes ou que consomem bebidas alcoólicas em excesso. A exposição ao sol sem proteção e a infecção causada pelo papilomavírus (HPV) também são fatores de risco.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa de novos casos no Brasil em 2020 foi de 15.190 casos, sendo 11.180 homens e 4.010 mulheres. No Paraná, o número chega a quase mil casos.

A cirurgiã-dentista Simone Cristine Archetti Pucci explica que essa é uma doença que pode acometer qualquer região da boca, como língua, lábios, gengivas, garganta, bem como glândulas salivares, faringe, laringe e seios da face.

Entre os principais sintomas estão dores ao engolir, sensação de algo preso na garganta, perda do paladar, sangramento, tosse, entre outros sintomas relatados pelo paciente. “Os principais sinais que podem ser observados são lesões (feridas) na cavidade oral, ou nos lábios, que estejam crescendo, que não cicatrizam, que podem apresentar sangramento, além da presença de nódulos”, diz Simone. Manchas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, lábios, gengivas, palato (céu da boca), no final da língua (próximo à garganta) e embaixo da língua também são sinais.

“Sabemos que a causa exata do câncer não é clara, mas alguns fatores no estilo de vida podem aumentar a possibilidade de desenvolver essa doença, como o uso constante de qualquer tipo de tabaco, seja cigarro, charuto. O risco aumenta de acordo com a exposição ao fumo e a carga tabágica”, diz a especialista. “Mascar tabaco também pode estar relacionado ao aparecimento desse câncer”. Simone cita um estudo realizado no Reino Unido, na Fundação do Câncer de Boca, reportou que 90% dos pacientes com essa doença consomem tabaco.

Outro hábito que acende o alerta para o problema é o uso em excesso de álcool. “A combinação desses fatores, álcool e tabaco, é uma mistura bastante perigosa, e merece nossa atenção, pois pode aumentar a chance de desenvolver o câncer de boca”, alerta Simone.

Ainda, a infecção por papilomavírus humano, ou HPV, doença sexualmente transmissível que tem a vacina como principal prevenção, também está relacionada a incidência desse tipo de câncer.

Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de cavidade oral normalmente pode ser feito com o exame clínico, mas a confirmação depende da biópsia. Esse procedimento, na grande maioria das vezes, pode ser feito de forma ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. “O diagnóstico, o dentista pode, e deve, avaliar clinicamente as mucosas e face do paciente, sempre atento às possíveis manchas e feridas nas mucosas orais”, acredita Simone.

Já em relação ao tratamento, a especialista diz que varia conforme o caso. “Há casos envolvendo cirurgia e tratamento com quimioterapia ou radioterapia; há casos mais simples, em que se faz apenas remoção cirúrgica da lesão e acompanhamento. Mas, nesse caso, um cirurgião de cabeça e pescoço é o profissional que irá avaliar o estágio da doença e determinará o melhor tratamento de acordo com a situação”, indica.

Após, o prognóstico vai depender da área da cavidade bucal atingida e o estágio em que se encontra a doença. Para Simone, a informação e a prevenção são sempre os melhores caminhos. “Visitas periódicas ao dentista podem ajudar a descobrir a doença cedo, o que pode resultar em um bom prognóstico”, diz.