Fonte: Correio da Paraiba – Por Katiana Ramos
Na Paraíba, mais de 359,6 mil pessoas não têm os dentes, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Além da estética e até mesmo interferência na autoestima, essa situação pode levar a problemas na digestão e até na articulação da mandíbula. Para não chegar a esse extremo, os cuidados preventivos são essenciais e começam ainda durante a gestação e nos primeiros anos da infância.
“Quando a mulher está gestante tem que fazer o pré-natal também com o dentista, além do médico, porque há recomendações para ela e para o bebê. Se a gestante fez o pré-natal com acompanhamento odontológico ela deve voltar ao dentista a cada seis meses depois do parto e também levar o bebê a um odontopediatra. Se ela não tiver feito esse pré-natal, deve voltar a cada três meses, após o parto”, explicou a dentista Jéssica Gadelha.
No atendimento a adultos e crianças, Jéssica revelou que os pais têm tido um cuidado melhor com a saúde bucal das crianças. Isso reforça os números da OMS, que colocou o Brasil com baixa prevalência de cáries. De acordo com a última PNS, o índice de cárie no País era de 2,1, o que se aproxima do recomendável pela OMS, a média de 1,1.
“É importante lembrar que nas crianças o cuidado com os dentes provisórios, ‘de leite’, deve ser considerado, porque a perda precoce desse membro leva a outros problemas”, alertou a dentista. Enquanto nas crianças o tratamento de cáries é o mais comum, nos adultos a periodontite e a herpes somam-se aos atendimentos mais recorrentes nos consultórios.“É importante esse cuidado preventivo para não chegar à perda dentária. Quando chega nesse estágio é porque a pessoa tinha problemas antigos que não cuidou ou não tratou corretamente. A perda de um dente não é só uma questão estética, mas pode atrapalhar a mastigação, a articulação mandibular. Então, é necessário que as pessoas não negligenciem esses cuidados”, destacou Jéssica Gadelha.
Mãe de primeira viagem, Dayse Santos só aprendeu a importância de levar o bebê ao dentista quando fez o pré-natal. Desde então, ela também tem feito consultas preventivas para a filha, Sofia, de três meses. “Minha mãe sempre me levou ao dentista, mas não quando eu era bebê. Eu não sabia dessa necessidade. Só descobri durante o pré-natal. Aprendi sobre como fazer a higiene bucal do bebê e depois como cuidar quando começarem a surgir os dentinhos. Então, foi muito importante ter esse conhecimento”, destacou Dayse.Ela acredita que passar o mesmo hábito que aprendeu com a mãe para a pequena Sofia vai estimular o bebê a cuidar da saúde dos dentes. Para isso, a dentista Jéssica Gadelha lembra que o consultório deve ser um ambiente familiar para a criança.
Cuidados diários
Além da visita periódica ao dentista, os cuidados com a saúde bucal devem ser diários e a escovação é a principal medida preventiva contra as doenças. Esse procedimento deve ser feito, pelo menos, três vezes ao dia, após as refeições. “Até os seis anos é recomendável que os pais escovem os dentes das crianças para garantir uma higienização completa. A partir dessa idade, a criança poderá fazer isso sozinha, com a supervisão dos pais para evitar acidentes como quedas, afogamentos, ingestão de creme dental e/ou líquidos para bochecho”, explicou a dentista.
No caso dos adultos, a ida ao dentista deve ser feita pelo menos duas vezes ao ano, exceto nos casos em que é necessário tratamento mais frequente, conforme recomendado pelo profissional.
Mais acesso ao serviço público e privado
O acesso aos serviços, públicos e privados, de saúde bucal tem aumentado no Estado e são indicadores do interesse da população em buscar a saúde preventiva. Na rede pública, a saúde bucal é municipalizada e os serviços integram as ações do programa “Brasil Sorridente”, implantado pelo governo federal desde 2004.
Na Paraíba, o programa dá suporte aos postos de saúde da Atenção Básica, que é de responsabilidade dos municípios. Já na rede privada, o aumento de novos adeptos aos planos odontológicos aumentou em 38,4% nos últimos quatro anos, passando de 220.500 mil usuários, em 2015, para 305.185 mil beneficiários, até o primeiro semestre deste ano. Os dados são do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog).
Conforme o Sindicato, o desempenho da Paraíba foi superior ao cenário nacional, que apresentou uma taxa de crescimento de 6,7% no mesmo período. “A importância de se ter esse serviço está associada à relação custo x benefício, uma vez que os planos odontológicos oferecem atendimento em todo território nacional, por meio da capilaridade das operadoras com seus prestadores a um custo acessível. Obedecendo as determinações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos odontológicos e redes credenciadas preveem consultas regulares ao cirurgião-dentista e tratamentos necessários”, explicou Geraldo Almeida Lima, presidente do Sinog.
“A ausência de políticas públicas dificulta o acesso da população aos cuidados com a saúde bucal. A odontologia não é prioridade no Sistema de Saúde Público. A prevenção pode ser entendida como o primeiro nível de atenção dos sistemas assistenciais voltada à promoção da saúde, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção”, disse Geraldo Almeida .
CEOs oferecem tratamento especializado
Na rede pública, os tratamentos especializados são feitos nos Centros de Especialidades Odontológica (CEOs). Por meio da assessoria, a Secretaria Estadual de Saúde informou ainda que há os Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD), que fazem a parte de reabilitação oral dos pacientes desdentados, que são também, serviços municipalizados.
Em João Pessoa, os CEOs estão localizados nos bairros da Torre, Cristo, Mangabeira e Jaguaribe. Nesses locais, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, são realizados tratamentos de canal, de doença gengival, cirurgias e atendimentos especializados para criança e pacientes com necessidades especiais.
Para ter acesso ao serviço, o usuário deve passar inicialmente pelo atendimento nas USF e, caso haja necessidade, o usuário é encaminhado ao serviço especializado. Para ser atendido, é necessário apresentar documento de identidade e cartão SUS.
Ainda na rede municipal de saúde da Capital, é desenvolvido o Programa Saúde na Escola (PSE), do Ministério da Saúde. O objetivo é incentivar as crianças ao autocuidado em saúde bucal por meio de atividades lúdicas. Nessas atividades, alunos das escolas e creches do município recebem orientações sobre escovação dentária correta, além de outros cuidados com a saúde da boca, orientados por odontólogos.