Fonte: Tribuna Hoje

Mais de 35% das mortes por problemas cardíacos e 45% das doenças cardíacas são de origem bucal

Você sabia que ter uma boa higiene bucal é importante para manter a saúde do seu coração? Quando pensamos em problemas causados pela falta de higiene bucal, logo vem à mente as cáries, gengivite, o mau hálito e o tártaro. Porém, muitas pessoas não sabem, mas a higiene bucal e a saúde do coração tem total correlação. Quando a boca não é bem higienizada, as bactérias podem causar infecções que evoluem e caem na corrente sanguínea se alojando em órgãos vitais, como o coração, causando a endocardite infecciosa.

De acordo com um estudo realizado pelo Incor, foi constatado que há ligação de mortes e problemas cardíacos, ocasionados pela falta ou má higiene bucal. De acordo com a pesquisa, mais de 35% das mortes por problemas cardíacos e 45% das doenças cardíacas são de origem dental. Essas infecções se dão, geralmente, por meio das feridas causadas por uma gengivite ou periodontite, por exemplo. Assim, bactérias da boca caem na corrente sanguínea – o que é chamado de bacteremia. Uma vez que chegam ali, aderem a qualquer área lesionada e geram uma inflamação.

A cirurgiã dentista do Hospital do Coração de Alagoas, Carminha Calheiros, alerta para as consequências da falta da higiene bucal, que podem causar outras doenças e inflamações mais graves, como a Endocardite.

“A boa condição oral pode prevenir várias doenças, não só da boca, mas também, do coração. Pois, os microrganismos da cavidade oral, não ficam em boca. Quando ocorre a ruptura da mucosa oral, pode ocorrer a transição de bactérias para qualquer outra área do corpo, no caso do coração, pode acontecer uma Endocardite infecciosa, onde em média, 20% dessas infecções, vem da cavidade oral, por conta da falta de uma boa higiene bucal.” Ressaltou a cirurgiã dentista Carminha Calheiros.

O cirurgião cardiovascular do Hospital do Coração, Sérgio Francisco, explica sobre a Endocardite Bacteriana e como que ela age no coração.

“Uma das infecções no coração mais comuns, é a Endocardite Bacteriana, que é uma infecção dentro do coração. O coração tem um funcionamento perfeito, válvulas e camadas, que posteriormente, não podem ter nenhum tipo de dano. A Endocardite acontece, após uma bactéria ou germe de outra parte do corpo, como os da boca, se espalham pelo sistema sanguíneo se ligando a áreas ligadas ao coração, causando uma infecção interna no coração, ou seja, há uma proliferação de bactérias, que atinge, prioritariamente, as válvulas cardíacas” , explica o cirurgião cardiovascular, Dr. Sérgio Francisco.

Ele explica ainda que o crescimento de bactérias no coração, pode causar vários outros sintomas pelo corpo humano, não afetando apenas o coração.

A Endocardite, ou o crescimento de bactérias no coração, pode atrapalhar o funcionamento correto das válvulas do coração, causando sintomas terríveis, como falta de ar, dor no peito, e aumentando os riscos de problemas mais graves, como o AVC, porque um pedaço de bactéria pode se soltar das camadas do coração e ir direto para o cérebro por meio da corrente sanguínea, se proliferar e entupir os vasos sanguíneos; como também pode causar outros tipos de infecções generalizadas pelo corpo, por meio dos vasos sanguíneos” , ressalta o Dr. Sérgio Francisco.

A Endocardite Infecciosa, se não tratada a tempo, pode ocorrer então, um quadro de insuficiência cardíaca aguda e grave. Atualmente, a mortalidade dessa doença está na faixa dos 30%. E o tratamento é extremamente delicado, pois, é necessário que seja realizada uma cirurgia invasiva no coração, para ser feita a retirada dessas bactérias. O cirurgião cardiovascular, Sérgio Francisco, explica que o paciente com Endocardite, pode passar semanas internado para tratar da infecção e quais são os grupos de risco que podem desenvolver endocardite bacteriana.

“Para evitar, é interessante saber quem está sob maior risco de desenvolver endocardite bacteriana. As pessoas que possuem arranhões nas camadas do coração têm chance maior de desenvolver endocardite. Bem como, os pacientes que desenvolvem problemas cardíacos de nascença, quem já possui prótese cardíaca implantada, seja mecânica ou biológica; quem tem uso crônico de cateteres venosos; quem usa drogas ilícitas venosas. Um outro grupo que tem chance aumentada de ter endocardite bacteriana, é aquele que, mesmo que não saiba que possui alguma alteração no coração, é submetido à algum procedimento dentário, dependendo do procedimento e da quantidade de bactérias que a pessoa possui na boca, o risco de que essas bactérias caiam na circulação sanguínea na cavidade oral e cheguem até o coração, é aumentada” . acrescenta o cirurgião cardíaco, Dr. Sérgio Francisco.

Aos pacientes hospitalizados ou que irão realizar algum procedimento cirúrgico, o Dr. Sérgio Francisco alerta para os cuidados com a cavidade oral, tratando e prevenindo de infecções orais. Assim, as chances de que essas bactérias caiam na corrente sanguínea, sejam diminuídas.