Autor: Dr. Roberto Seme Cury – Presidente da SINOG – Associação Brasileira de Planos Odontológicos

Não é novidade para ninguém: as empresas que quiserem se consolidar e obter um lugar de destaque no mercado precisam adotar as melhores práticas ESG (sigla para Environmental, Social e Governance, ou, em português Ambiental, Social e Governança). Mas o que são essas ações e o que elas possuem de relação com o mercado odontológico?

Antes de falar da relação com a prática odontológica, é preciso enfatizarmos que ESG não é um modismo. Tais ações geram impactos ambientais e sociais na cadeia de negócios, como emissão de carbono, gestão dos resíduos e rejeitos oriundos da atividade e questões trabalhistas, por exemplo. É aqui que o ESG se encontra com a odontologia.

Os cirurgiões-dentistas estão em uma posição única para capitalizar as oportunidades oferecidas pelo crescimento e desenvolvimento de princípios ESG. Tudo começou em 1987, quando um estudo liderado pela Comissão Brundtland das Nações Unidas levou ao desenvolvimento de princípios de sustentabilidade que viriam a ser a base dos “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS” das Nações Unidas, elaborados em 2015.

Com base nos ODS, a World Dental Federation adotou um conjunto de princípios globais voluntários e consensuais de sustentabilidade na odontologia. Tais padrões incentivaram toda a indústria odontológica a aplicá-los na operação de suas práticas clínicas e no desenvolvimento de novos produtos e serviços.

Tudo isso chegou à odontologia que praticamos hoje, com um cuidado dos dentes que, além de tudo, gera cuidados também com o meio ambiente e a sociedade em que vivemos. Exemplos não faltam para mostrar o empenho dos dentistas nessa empreitada. Os procedimentos odontológicos consomem cada dia menos eletricidade, com equipamentos com sensores de movimento, por exemplo. A água é outro insumo que usamos com mais prudência , se restringindo a limpeza do local e no cuidado com o paciente. A radiação também é utilizada de forma extremamente responsável, com a melhora paulatina da qualidade das imagens. A tecnologia assume seu protagonismo, principalmente no pilar Governance, com o armazenamento digital dos prontuários do paciente, eliminando o papel do circuito.

Por fim, o reaproveitamento dos materiais. E neste particular gostaria de destacar a campanha SINOG RECICLA, realizada em 2017. Arrecadamos tubos de pasta de dentes que foram destinados à reciclagem, resultando na criação de um armário doado para a ONG Curumins do Brasil, da Rede Unas, em Heliópolis, São Paulo. Devido às suas características técnicas, os tubos podem ser transformados em matéria-prima resistente para a confecção de itens para a construção civil e móveis sustentáveis, como telhas, revestimentos, pias, bancos, mesas, cadeiras e armários. Com este projeto, contribuímos para a diminuição da quantidade desse material enviado para os poluídos aterros sanitários, já que 75% do tubo de uma pasta de dentes são de plástico e 25% de alumínio, que pode causar um grande problema ambiental quando descartado de forma irresponsável.

Trata-se apenas de um exemplo. O que precisa ficar de lição é que as empresas – de qualquer setor – precisam se atentar a essa ideia: as práticas ESG (Environmental, Social e Governance) vieram para ficar. Cirurgiões-dentistas e operadoras de planos odontológicos já estão se adequando e olhando com atenção para esta nova realidade e, aqueles que não o fizerem, com certeza ficarão para trás.