O país das dentistas: com crescimento expressivo de mulheres na Odontologia, Brasil serve como espelho para o futuro da profissão 

O Brasil é o país das Dentistas: possuímos mais profissionais do sexo feminino do que masculino. Depois de atingirem 20% da concentração mundial no Segmento da Odontologia, os brasileiros e brasileiras superaram em número de dentistas ativos os maiores contingentes populacionais do mundo, como é o caso dos Estados Unidos, índia e China. Agora, as novidades apontam para outros rumos igualmente interessantes.  

Apesar de pouco debatido, para além do reconhecimento do país como referência mundial no Segmento, o Brasil se mostra inovador no número de mulheres dentistas exercendo a profissão. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), contabiliza-se até o momento uma média de 72% de presença “delas”, distribuídas pelas categorias de cirurgiãs-dentistas, técnicas e auxiliares, soma que resulta em aproximadamente 420 mil mulheres.  

É por isso que hoje a Odontologia fala de uma perspectiva feminina, e o cenário nos EUA, por exemplo, confirma essa tendência.  Até 2010, a média de mulheres dentistas era de 24,1%. Uma década depois, o Instituto de Políticas Públicas da American Dental Association (ADA), observou aumento desta porcentagem para 34,5%. Trata-se de uma entidade que dedica estudos sobre o sistema de assistência odontológica dos Estados Unidos, trazendo insights baseados em evidências para capacitar e fornecer cuidados bucais de qualidade para pacientes.  

Servindo a este propósito, o ADA sugere que o crescimento no número de dentistas mulheres deve trazer importantes implicações para o futuro da prática odontológica. Entre tantos benefícios mencionados, destaca-se aspectos como equidade na saúde, acesso aos cuidados, atendimento de demandas específicas das comunidades e maior preparação de profissionais mulheres para papéis de liderança.   

Corroborando o trabalho da ADA, o Oral Health Workforce Research Center (OHWRC), centro de pesquisa relacionado ao trabalho em saúde bucal da Universidade de Albany, aponta que há diferenças nas características da prática odontológica e dos serviços prestados por mulheres. A análise antecipa, inclusive, mudanças que poderão afetar a disponibilidade de serviços odontológicos para populações carentes no futuro.  

Isso porque, conforme apontam as evidências encontradas nos estudos do OHWRC, dentistas do sexo feminino eram mais propensas a concluir o treinamento de residência em odontologia geral ou odontopediatria em relação aos seus colegas, aumentando a disponibilidade dentro desse nicho da saúde. Outra informação encontrada foi a de que dentistas do sexo feminino eram mais favoráveis a atender pacientes mais jovens, contribuindo, também, para que todas as faixas etárias fossem contempladas.  

No comparativo com a realidade brasileira, percebe-se que o Brasil apresenta robustos resultados na adesão de mulheres trabalhando dentro dos sistemas de prestação de serviços de Saúde Bucal.  Mantendo-se em ritmo acelerado de crescimento, o país tem potencial para ser vanguarda neste campo, posto que seu perfil na Odontologia é, em vasta maioria, feminino, ao passo que outros países trabalham com percentuais inferiores a 50%. Esse panorama pode refletir, assim como no caso dos Estados Unidos, em maior diversidade e disponibilidade para atendimento, além de estar em consonância com os pilares sociais e de governança difundidos globalmente.  

Curiosamente, a Saúde Suplementar apresenta um histórico de um público mais masculino, talvez pelo fato da formação nas áreas administrativa e da saúde terem tido, no passado, a preponderância dos homens. Quando o Segmento de Odontologia surgiu, a área técnica de auditoria trouxe as mulheres para esse mercado. Muito provável pelo olhar focado nos detalhes que essa atividade exige e que muitas mulheres possuem. A partir daí, a presença feminina só aumentou e a mulher passou a alcançar posições de liderança no Segmento, pela própria performance diferenciada que inclui características muito femininas. A mulher é mais detalhista, instintiva e múltipla, vejo, também, que as mulheres possuem o desejo de deixar um legado”, explica a Superintendente da SINOG, Fernanda Ceneviva.