Fonte: Publicado originalmente em Odontologia de Grupo em Revista Nº 18 – Por Camila Pupo

Com um conjunto de distúrbios, a disfunção compromete a mastigação

Dores de cabeça, de ouvido, dor ao abrir a boca, mastigar ou bocejar, estes são alguns dos sintomas da DTM, a disfunção temporomandibular. Esta doença acomete a 00 (ATM) e os músculos mastigatórios.

Hábitos como roer unhas, mascar chicletes, morder gelo, bruxismo e outros podem ser causadores da DTM, contudo, de acordo com José Luis Bretos, mestre em Ortodontia e Radiologia e doutor em Ciências da Saúde da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, tentar isolar um fator único e universal como causador da doença não tem tido sucesso. A disfunção é multifatorial, podendo ser provocada por lesões diretas, hábitos parafuncionais, ou seja, aqueles que por repetição podem ser nocivos, como bruxismo, apertamento dentário, mastigação de um lado só e outros, além dos fatores psicossociais como ansiedade e depressão e os fisiopatológicos – doenças degenerativas, endocrinológicas, infecciosas, metabólicas, neoplásicas, neurológicas, vasculares e reumatológicas.

Tanto homens quanto mulheres podem ter DTM, no entanto, segundo Milton Raposo Júnior, especialista em Estética Facial Dental e Reabilitação Oral, a maioria dos que buscam tratamento são as mulheres na faixa dos 15 aos 45 anos. Tais pacientes normalmente têm perfil de ansiedade e estresse não controlados. De acordo com Rodrigo Bueno de Moraes, mestre em Diagnóstico Bucal e consultor científico da ABO – Associação Brasileira de Odontologia, os principais sintomas da DTM são dores de cabeça, pescoço e face, estalos nas articulações, zumbidos nos ouvidos, limitação da abertura bucal, desgastes nos dentes e dificuldades na mastigação.

“A DTM é uma doença geralmente progressiva, não há como determinar com exatidão suas consequências, porém sabemos que pode provocar danos ao dente, periodonto e, principalmente, ao sistema neuromuscular, bem como perturbações funcionais na mastigação e deglutição”, esclarece Raposo. Em virtude da complexidade e variedade de sintomas da DTM, que em geral pode caracterizar outras doenças, o diagnóstico nem sempre é claro, portanto é preciso fazer anamnese, exames clínicos com avaliação de sinais e sintomas e, se necessário, realizar tomografia computadorizada, ressonância magnética e raios X para uma análise correta.

Na maioria dos casos, o tratamento é simples e quase sempre envolve outros profissionais da área da saúde, entre os quais psicólogos, reumatologistas, otorrinolaringologistas e fisioterapeutas. As opções mais aplicáveis são a educação do paciente, a intervenção comportamental, a utilização de remédios, uso de placas interoclusais, além de terapias físicas, treinamento postural e exercícios. Em alguns casos específicos, tais como anquilose, fraturas e determinados distúrbios congênitos ou de desenvolvimento, é necessário recorrer às cirurgias de ATM.

Uma técnica que vem sendo empregada no tratamento da DTM é o uso do botox, ou toxina botulínica tipo A, por ser uma alternativa terapêutica para pacientes portadores da síndrome dolorosa da articulação temporomandibular. Após a aplicação nos músculos masseter e temporal, os chamados pontos de gatilhos da dor, ela promove o relaxamento deles, diminuindo a dor e proporcionando uma função mandibular mais adequada.

Contudo, Bretos alerta que o botox só deve ser aplicado naqueles pacientes que não apresentam remissão dos sinais e sintomas com os tratamentos convencionais, e, apesar da literatura confirmar a eficácia da toxina botulínica tipo A, os estudos ainda necessitam de maior aporte científico.