Com a pandemia, o número de consultas odontológicas caiu de forma significativa. Na rede pública do Brasil, o índice foi de 80% de redução, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Na iniciativa privada dados apontam para quedas que chegam a 30%. No entanto, ainda que em 2021 os atendimentos já tenham apresentado retomada, o adiamento das consultas ocasionou em impactos variados.

Agravamento dos problemas bucais: muitas pessoas optaram por adiar as consultas com dentistas por conta da pandemia. Com isso, notou-se um agravamento dos problemas da saúde bucal, que poderiam se resolver mais facilmente se tratados no início dos sintomas. Em 2020, ano marcado pela pandemia, a operadora Amil Dental registrou uma queda de 30% na procura por consultas odontológicas, em comparação com o ano anterior.

Bruxismo: de acordo com um estudo realizado pelos programas de pós-graduação em Odontologia e Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a prevalência do ranger de dentes do sono mais do que triplicou durante a pandemia, passando de 8% para 28%. Já a ocorrência do bruxismo em vigília, ou seja, que ocorre quando estamos acordados, dobrou, saltando de 6% para 12%. A pesquisa avaliou 50 alunos da universidade.

Dores relacionadas aos desgastes nos dentes: a ansiedade e o estresse decorrentes da pandemia também podem acarretar o desgaste e a quebra de dentes, motivados pela tensão no maxilar. Em casos extremos pode haver até mesmo perda dos dentes, caso não haja tratamento. Dor de cabeça, dor de ouvido e dor na coluna também podem estar associados a problemas bucais. 

Adoecimento mental: a piora no cuidado bucal também pode estar associada ao adoecimento mental, pois a pessoa nessa condição pode não manter uma saúde bucal adequada. Estatísticas também apontam para um agravamento de transtornos mentais no período da pandemia. De 2020 até maio deste ano, o canal de atendimento remoto do plano de saúde Amil registou mais de 6.500 urgências em saúde mental. O maior pico de atendimentos foi em maio de 2021, com cinco vezes mais consultas que em janeiro deste ano.

Problemas bucais associados à intubação: pacientes entubados precisam de cuidados bucais especiais. O estado debilitado e a má higienização bucal podem favorecer condições orais como a doença periodontal, a halitose e a candidíase. Há indícios de que as infecções orais também possam favorecer complicações sistêmicas como a pneumonia. A bacteremia de etiologia oral também é comum em pacientes de UTI e importante causa de mortalidade. Estima-se que, desde o início da pandemia até o primeiro semestre de 2021, cerca de 182 mil  pacientes com COVID-19 tenham sido internados em Unidade de Terapia Intensiva no Brasil, apontam dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).