Um clássico da literatura de ficção científica, 1984, de George Orwell, previa uma sociedade altamente vigiada em que o Grande Irmão usava a tecnologia
para acompanhar todos os passos dos cidadãos e usava esse conhecimento para a tirania. Muitos leitores ficaram assustados com essa perspectiva; outros, porém,
desdenharam dessa possibilidade, qualificando-a como um evidente exagero.
Pois bem, caro leitor da Visão Saúde: já estamos na era do big data, termo cunhado em 2008 pelo empreendedor de tecnologia Haseeb Budhani para designar
a análise de grandes volumes de dados não estruturados, isto é, que não estejam minimamente organizados. Isso somente se tornou possível com o uso de potentes processadores e algoritmos que auxiliam cientistas de dados a chegar a novas conclusões a partir do cruzamento de diversas informações.
No caso da saúde, área em que a análise de dados em massa ainda é incipiente, as possibilidades são muito promissoras, como dar eficiência à gestão de unidades
de assistência médica e auxiliar médicos no diagnóstico de doenças raras. Isto é, ao contrário do que acontecia no livro 1984, o big data em saúde pode ser usado para salvar vidas, não para sufocá-las.
A matéria de capa desta edição conta o que já está sendo feito por operadoras de planos de saúde, institutos de pesquisa e hospitais brasileiros no que se refere a big data. E projeta o que se pode esperar no futuro próximo.
Outra matéria interessante trazida pela Visão Saúde tem como foco a crescente terceirização no sistema privado de saúde, o que deve se intensificar ainda mais
com a recente legislação federal que flexibiliza as regras sobre o tema. A expectativa é de que se atinja maior eficiência e produtividade por meio da terceirização de áreas que não fazem parte do core business das empresas de saúde, ou seja, tudo que não se refira a prevenir e tratar doenças.
Por sua vez, a entrevista traz a palavra direta do médico dinamarquês Peter Gøtzsche, uma das vozes mais eloquentes no mundo acerca das práticas irresponsáveis
e criminosas de muitas empresas da indústria farmacêutica e de dispositivos cirúrgicos. Segundo ele, a corrupção é generalizada e responsável pela morte de pacientes, por grandes desperdícios e pelos altíssimos custos de tratamentos de alta complexidade.
Boa Leitura!