Passado o primeiro impacto da pandemia de Covid-19, algumas questões importantes para o setor de saúde suplementar ganham fôlego, com chances de avanços e também o alerta ligado para não haver retrocessos. Uma delas é a reforma tributária, que passa a ser um dos assuntos primordiais da agenda econômica, cuja urgência sem dúvida foi agravada pela crise sanitária. Uma das reportagens desta edição procura retratar as principais propostas em discussão e os argumentos pró e contra [1]. O tema é tão complexo e árido quanto decisivo para a sustentabilidade do setor e as prioridades de investimento das empresas de saúde. Vale a pena conferir. Num cenário de incertezas, um dos acontecimentos mais marcantes para a saúde suplementar no período foi a suspensão do reajuste dos planos até dezembro. Mostramos em outra reportagem desta edição [2] que a organização do setor permitiu o cumprimento por parte das operadoras da medida determinada pela ANS. Algumas delas, inclusive, já haviam adotado a suspensão de maneira voluntária quando começou a pandemia, por recomendação da Abramge e da FenaSaúde. Ao mesmo tempo, a medida inédita cria expectativas sobre a compensação no próximo ano, quando o impacto da crise deve ser percebido de forma mais concreta. A seção Raio X traz um levantamento do Sistema Abramge, Sinamge e Sinog sobre as multas aplicadas às operadoras de saúde de 2015 a julho de 2020. Há uma desproporcionalidade evidente nos altos valores cobrados das operadoras médicohospitalares e, ainda mais, das exclusivamente odontológicas. Estas últimas são as mais impactadas no período, especialmente as pequenas. Os dados são importantes para ajudar no entendimento do papel das penalidades definidas pela agência reguladora, que deveriam considerar o porte econômico da operadora. As interações online estão transformando não apenas as relações de trabalho em muitas áreas da saúde como também as relações sindicais. Este é o tema de mais uma reportagem desta revista [3], que contempla a visão dos sindicatos patronais como Sinamge, Sinog e SindHosp e de alguns dos sindicatos laborais. É consenso que o efeito colateral do isolamento – o maior uso das ferramentas digitais para a comunicação – está sendo muito favorável ao diálogo, agilidade e compreensão mútua. A entrevista das Páginas Azuis é sobre outro tema que tem ganhado destaque no noticiário [4]. O professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas Daniel Wang faz uma reflexão a respeito da incorporação de novas tecnologias em saúde e a necessária ponderação de custo-efetividade e direitos individuais sob a perspectiva de responsabilidades coletivas.

Boa leitura!