No consultório odontológico, além do cirurgião-dentista, podem exercer atividades outros dois profissionais: o auxiliar em saúde bucal (ASB) e o técnico em saúde bucal (TSB). Essas duas profissões foram regulamentadas em dezembro de 2008, com uma série de benefícios e orientações para o exercício dessas funções, principalmente no que diz respeito às atribuições de cada uma.

Cabe ao ASB agendar horários, organizar o ambiente, fazer a assepsia e esterilização dos equipamentos e do instrumental odontológico, atividades que antigamente eram do então chamado auxiliar de consultório dentário. Em outros consultórios, a equipe torna-se mais completa quando tem o profissional habilitado a atuar diretamente no atendimento dos pacientes, como é o caso do TSB (antes denominado técnico em higiene dental). Os dois são complementares à rotina da clínica – embora a ajuda do TSB seja considerada de maior relevância no âmbito da saúde pública.

Enquanto o ASB ajuda o dentista nas tarefas mais simples, o TSB ganha mais espaço por conta da maior qualificação. “A diferença está nas atribuições de cada um. Enquanto o TSB atua diretamente com o paciente, sempre sob a supervisão de um cirurgião-dentista, o ASB trabalha somente auxiliando-o, sem executar procedimentos diretos na boca”, explica a odontopediatra Lilian Coranni Macaferri Licatti, coordenadora do Curso de Técnico em Saúde Bucal, da Unidade Tiradentes do Senac-SP. Segundo ela, o mercado está em expansão, como se vê pela procura de alunos do Senac para contratação. “A maioria dos dentistas tem hoje a consciência do ganho em tempo, produtividade e lucratividade que o trabalho em equipe proporciona, além de o serviço público oferecer muitos concursos, tanto para o auxiliar como para o técnico atuarem junto às UBS, Unidades Básicas de Saúde”, esclarece Lilian.

O conteúdo programático do curso de TSB do Senac-SP oferece informações para um perfeito trabalho em conjunto, já que é ele quem fará com que o dentista trabalhe com mais qualidade sem se preocupar com os horários de atendimento. Para a cirurgiã-dentista Sylvia Toledo Bataglia, a vinda de uma técnica não só aumentou o número de pacientes atendidos como também houve ganho de tempo e qualidade consideráveis. “Muitos colegas acreditam que terão um gasto a mais, mas se esquecem de que se trata de um investimento, já que haverá maior rendimento do serviço e a possibilidade de se atender casos mais complexos”, destaca a dentista, que tem o apoio em seu consultório de Debora Cristina Mei, técnica certificada pelo Senac desde 2004.

“Quando comecei a trabalhar tive a sorte de ter um excelente chefe e incentivador. Ele sempre pedia que olhasse tudo. Pensei, então, em tornar-me cirurgiã-dentista, mas optei pela pedagogia por causa do custo”, conta Debora Mei. O curioso é que, muito tempo depois, trabalhando em um banco, ao precisar tratar um dente, Debora conheceu Sylvia Bataglia. “Sempre falava para a doutora como seria bom se uma técnica lhe auxiliasse nas tarefas mais fáceis. Além disto, seria possível que o técnico fizesse alguns procedimentos para deixá-la com mais tempo para os casos demorados”, explica.

E, assim, o consultório de Sylvia passou a contar com uma técnica que, de paciente passou a ser TSB. “O trabalho conjunto faz toda a diferença. É preciso que os meus colegas saibam a importância de ter um aliado como o TSB. Além de toda a rotina, o trabalho de educação em higiene bucal e prevenção de doenças de nossos pacientes também é feito pela TSB”, explica Sylvia. Quanto a isto, Debora acrescenta que as pessoas não sabem da real importância que a limpeza da boca tem para a saúde do corpo. “Grande parte das enfermidades está relacionada à escovação. Por essa razão, ensino a técnica correta de escovar os dentes e passar o fio, já que as pessoas não têm esta consciência”, completa.

Essa opinião é compartilhada por Lilian Licatti, do Senac-SP: “Como ainda somos um país de desdentados, acreditamos em uma política de prevenção de saúde bucal, por meio de campanhas na imprensa falada e escrita, como também nas comunidades levando orientações de higiene e hábitos alimentares desde a gestante até os idosos. Uma das funções do TSB é justamente orientar e controlar pacientes quanto à higienização, assim como participar de campanhas públicas fazendo levantamentos epidemiológicos”, complementa a coordenadora.

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